domingo, 3 de outubro de 2010

11/07/10 Parte 3


Depois de algumas horas de voo, cheguei em Punta Arenas, em um aeroporto bem pequeno e modesto. Pra variar fiquei esperando minha bagagem até o final do turno. Era muito cedo. Depois de recolher todas as minhas tralhas, me fui pra saída do aeroporto e quando saí pra rua senti o vento mais frio da minha vida. A rua estava coberta de branco, era lindo e assustador.
Logo que meu nariz ficou vermelho, um tiozinho veio na minha direção e ofereceu um transfer para a cidade, que ficava a uns 35 minutos do aeroporto. Paguei os 3000 pesos e entrei em uma van cheia de pessoas. Todas falavam espanhol, menos eu. O motorista perguntou a todos qual era seu destino e teve que me perguntar mais umas 12 vezes até que eu entendesse e ele também. Conforme meu guia de viagem, eu ficaria no Hostal Victória que ficava na Av. España. Os passageiros do transporte me ajudaram como tradutores, pois eles compreenderam minha deficiência linguistica e falavam pausadamente até eu entender.
A paisagem até a cidade é linda, pois a cidade é de origem européia. Colonizadores croatas, espanhóis, galeses e suiços. Todas as casas de lá parecem casas inglesas, muito bem cuidadas e antigas. Uma cidade que eu moraria com tranquilidade.
Quando cheguei no Residencial Victória, fui atendido por uma querida senhora e um labrador. O residencial, é uma casa antiga que aluga seus quartos para turistas como eu. Cheguei no dia da final da copa do mundo e depois de fazer algumas compras no mercado local, me sentei no sofá da sala com a senhora e assisti a final da copa do mundo com ela e seu labrador. Foi uma cena hilária, um barbudo bizarro ao lado de uma velhinha tricotando e reclamando da desempenho da seleção da Espanha.
Depois da final, me fui pra rua explorar a pequena cidade que não tem grade nas casas e todas são coloridas. O chão estava coberto de neve e tive aulas grátis de patinação com a minha bota de solado emborrachado. A cada passo que eu dava na calçada, era um risco eminente. A experiência de caminhar sob o gelo dos locais é simplesmente genial. Eu estava apavorado com a destreza dos moradores em caminhar, até que eu vi um mendigo bêbado cair de lado como um saco de batatas. O mais impressionante é que ele não parou de cantar mesmo no chão e sua garrafa de guapa não derramou um só gole. O tiozinho é fudido no bagulho, tenho que admitir.
Voltei para o residencial com bolachas cracker, uma garrafa de água e uma barra de chocolate. O sistema de aquecimento bombando e na televisão passando uma novela brasileira. É claro que eu mudei e botei no animal planet. Nessa noite dormi no meu saco de dormir pra testar sua resistência com o frio. Ele se saiu bem até. O que mais me assustou durante a noite foi o forte vento que logo me lembrou a minha modesta barraca brasileira, que em alguns dias estaria tremendo como vara verde naquele implacável vento patagônico. Pensei, " fudido", mas dormi mesmo assim.

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