domingo, 15 de agosto de 2010

10/07/10


Assim como eu tento sumir nos meus aniversários, minha ida para o Chile foi quase uma fuga. No aeroporto não estavam meus amigos. Não gosto de cerimonias. Muito menos de despedidas. Gosto de reencontros, mas não de despedidas. Meus amigos sabem disso e respeitaram meu momento apenas me desejando sorte via internet ou telefone.
Quando todos souberam dos meus planos de ir até o Chile para fazer trilhas completamente sozinho, acharam que eu fosse louco. Mas eu sabia que isso era a coisa mais sensata que eu poderia fazer. E fiz.
Comprei bons livros, que foram meus maiores companheiros durante a viagem e parti em direção à sala de embarque do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Portava uma barba de mendigo e uma mochila enorme que agussava a curiosidade de todos que esperavam seus voos para algum lugar ou se despediam calorosamente de alguém.
Minha mãe se despediu de maneira muito aflita, me abraçando muito forte. Meu pai me deu um pequeno tapa nas cotas e me desejou boa sorte. Ele sabe que não sou tipo emotivo.
Pensativo me sentei na sala de embarque e rezei um terço que ganhei da minha por parte de mãe. Sabia que a partir dali não teria mais como voltar. Era eu e Deus. Em uma jornada que duraria vinte dias em países que sequer falam minha língua.
Deixei pra trás meus queridos amigos e animais de estimação. Os gatos Simbad, Polly e Wendy, e a minha querida companheira dálmata Laika. Sabia que eles sofreriam muito na minha ausência, mas eu voltaria logo e eles iriam me receber com um sorriso na porta de casa.
Na hora de passar pelo detector de metais, tive que tirar o cinto na frente de todos. Foi um tanto constrangedor, mas lidei com a situação com a minha habitual cara de homem brabo.
Entrei no avião e meu lugar foi tomado por um jovem negro. Resolvi que ele poderia ficar com meu assento e me fui para o último lugar do avião, uma poltrona ao lado do banheiro. Estava bem localizado. Do meu lado foram seis baianos que não pararam de falar o tempo todo. Ao longo da viagem descobri que os nordestinos são de um Brasil completamente diferente do meu.

Um comentário:

  1. Colega... gostei mto do teu primeiro post! Na verdade, é muito inspirador sair por ai alone... ainda mais acompanhado de bons livros e com vontade máxima de encarar o desconhecido!
    Tenho que concordar também que a tua cara realmente é de uma pessoa brava, o que me dá um certo medo de te dizer as coisas (rs).
    Para finalizar, achei muito bonito tu rezar o terço da tua vó.... (não tenho muito o que dizer sobre isso, apenas gostei (mais rs)).
    obs: também adoro fugir nos meus aniversários, não sei exatamente o que isso significa, mas odeio a data! (rs novamente)!
    Bjão e posta mais coisas, ok??

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